terça-feira, 23 de abril de 2019

Professor por vocação


Dos primeiros anos de vida, na educação infantil, aos mais elevados níveis de formação acadêmica, na graduação e pós-graduação, a contribuição do professor se dá não somente no conhecimento teórico, estruturado pelo sistema educacional, mas também em diferentes aspectos da vida do aluno.
Ao lecionar e conviver com a turma, o professor compartilha valores e promove a autoestima de cada estudante ao reconhecer seus potenciais e explorá-los durante o ensino. Além disso, entende as fraquezas e trabalha em cima delas para ampliar o conhecimento e estimular a superação.
Para a criança, além de seus familiares, o professor é uma das primeiras referências.
No dia a dia escolar, é o professor quem cultiva o olhar ético e as atitudes respeitosas para com os colegas de sala e demais colaboradores da escola, mediando situações e promovendo os mecanismos necessários para que a criança cresça com consciência e respeito a todos os que vivem a seu redor.


quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Série: Educadores musicais "Dalcroze e a euritmia"


A euritmia de Dalcroze estuda todos os elementos da música através do movimento, partindo de três pressupostos básicos:

- Todos os elementos da música podem ser experimentados (vivenciados) através do movimento.

- Todo som musical começa com um movimento, portanto o corpo, que faz os sons, é o primeiro instrumento musical a ser treinado.

- Há um gesto para cada som, e um som para cada gesto. Cada um dos elementos musicais, acentuação, fraseado, dinâmica, pulso, andamento, métrica pode ser estudado através do movimento.

Os movimentos usados na Euritmia são improvisados pelos próprios alunos, e não propostos pelo professor. A dança é uma arte em si mesma; a euritmia é um meio para se atingir a plena musicalidade. O professor que usa a metodologia de Dalcroze costuma pedir aos alunos: “Mostrem-me o que vocês estão ouvindo”, em vez de “Digam-me o que vocês estão ouvindo”. Como a música é arte não verbal, é este universo sem palavras que deve ser explorado durante as aulas. Há muita atividade física, muito movimento enquanto se ouve a música tocada pelo professor (geralmente improvisando ao piano). Nestes jogos e brincadeiras rítmicas os alunos se envolvem e aprendem a aplicar, nas aulas e nas suas performances, os conceitos ali vivenciados. Sempre que possível usam a demonstração ao invés da narrativa oral.

A mesma idéia se aplica à formação de professores para o método: “Tentar aprender o método Dalcroze somente através da leitura é o mesmo que tentar aprender a nadar somente através da leitura”.


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A importância da música no desenvolvimento da oralidade

Cada criança tem seu tempo e desenvolvimento próprio, não existe uma regra, mas de modo geral, as primeiras palavras surgem entre o 10º e 15º mês. Depois disso, o vocabulário cresce muito rápido.
Um aspecto importante que devemos saber, é que para desenvolver a linguagem oral, a criança precisa de pessoas para interagir. O adulto precisa conhecer a criança o bastante para saber assuntos de seu interesse, e a partir destas constatações, criar situações que motivem a criança responder e dialogar.

Uma das ferramentas mais poderosas para desenvolver a fala, é sem dúvida a música. As crianças geralmente sentem muito prazer com a música, seja cantando, ouvindo, dançando ou tocando instrumentos musicais. Através das canções, a criança melhora a pronúncia e sua percepção auditiva, tanto para escutar como para diferenciar sons, o que auxiliará o desenvolvimento da oralidade.

Existem algumas estratégias práticas para ajudar nesse estimulo e podemos utilizar a música em casa, para estimular o bebê a falar e isso pode começar bem cedo. No final do primeiro mês de vida, o bebê já começa a vocalizar (fazer barulhinhos e sons com a voz). Você pode interagir com ele conversando, cantando e usando sua voz para acalmá-lo quando ele estiver agitado.

Você pode começar a ensiná-lo segurando suas mãozinhas, cantando, balançando seus braçinhos de acordo com a pulsação da música. Depois de algumas vezes, inicie, mas pare em algum momento, dando oportunidade para que ele continue; favorecendo assim, o aumento de seu vocabulário.

Não se esqueça que a canção deve ser curta e com temas do universo infantil. Acima de tudo, respeite o tempo da criança principalmente se ela não corresponder às expectativas. Tudo leva tempo, inclusive o início da linguagem falada. O bebê precisa ouvir vozes de pessoas que se comuniquem com ele e que o tratem com amor, respeito e carinho para desenvolver a fala de forma natural.

Por volta de 8 meses, procure fazer sons do corpo para que ele observe. Enquanto troca sua fralda, você pode cantar, brincar de estalar a língua e outros sons da boca. Toque canções com diferentes estilos musicais e perceba qual o estimula mais. Você pode também apresentar chocalhos, tamborzinhos para que ele explore e toque acompanhando uma canção.

Nesta idade, aulas de musicalização infantil farão toda a diferença no desenvolvimento do seu filho, pois um professor de música irá preparar atividades musicais variadas de acordo com a faixa etária e oferecerá uma vivência prazerosa com as palavras através da música. É através das brincadeiras musicais que percebemos os interesses individuais da criança e seu nível cognitivo.

É importante salientar que o desenvolvimento da linguagem está ligado ao pensamento. Conforme a criança vai crescendo e se desenvolvendo, ela vai criando a capacidade de diferenciar-se dos outros e dos objetos em geral. Isso é muito importante, pois ela terá ferramentas cognitivas para que queira interagir de forma intencional. Ela então irá dirigir comportamentos intencionais a outras pessoas e imitará tudo o que lhe chama a atenção. Fique atento ás vocalizações da criança e imite, variando ligeiramente as sílabas que ele balbucia, fazendo sons mais longos e mais curtos. Continue cantando, mas agora faça os gestos das canções, que devem ser simples e curtas. Os gestos estabelecem a comunicação entre o som e o movimento. Algumas canções que podem ser utilizadas, são as canções folclóricas como: “A janelinha fecha quando está chovendo”, “Fui morar numa casinha”, “Borboletinha”, “Cai Cai Balão" etc. Represente para ela certas ações que são descritas nas músicas e motive-a a imitar. Quando a criança é capaz de imitar o adulto, ela demonstra um grande desenvolvimento, tanto em sua memória, quanto na sua expressividade que são itens indispensáveis para o desenvolvimento da linguagem.

Conte histórias de forma curta e objetiva, com temas do universo da criança e retrate o ambiente sonoro da cena. Você pode imitar os sons dos personagens, cantar uma música que represente a cena, representar cada personagem através de um instrumento musical, enfim, use sua criatividade! De forma gradual, através destas atividades, serão estabelecidas as conexões cerebrais que relacionam as palavras com o objeto, desenvolvendo a imaginação, memória, além de introduzi-lo no convívio social.


A partir do primeiro ano, principalmente, a criança observa e não só repete no momento que a ação é feita, como é capaz de representar mentalmente as ações de modelos. Parlendas que favoreçam a coordenação da palavra falada e dos gestos como “Janela, janelinha, porta e campainha”, faz com que a criança se envolva com a brincadeira e imite.

Por volta dos 2 anos, a criança pode também contar sua própria história através de ilustrações. Caso ela pronuncie de forma errada, evite confrontá-la, apenas repita a frase inteira corretamente, para que ela escute a forma correta de pronunciar o que ela elaborou em sua mente. O importante é que ela sinta liberdade para fazer perguntas e encontrar respostas. Festeje suas respostas sempre.

Atividades utilizando bonecos que falam e cantam com a criança variando timbres da voz são muito interessantes, pois atraem a atenção e o interesse pela interação verbal, na minha aula os fantoches acompanham desde o inicio. As crianças dão nomes e cantam músicas para cada um deles.

Com o tempo (por volta de 3 anos e até um pouco antes), surge o interesse pelas brincadeiras de faz-de–conta, a capacidade de representar coisas ou situações não presentes. A criança naturalmente começa a imitar ações rotineiras, depois ações de pessoas próximas, e através destas brincadeiras, os pequenos expõem seus sentimentos, frustrações e vontades. É interessante notar como a evolução da brincadeira e da linguagem caminham juntas. Uma auxilia no desenvolvimento da outra.

As famílias podem trazer fantoches, objetos, elementos diversos para dramatizar histórias. Depois, a criança pode dramatizar as historias para os adultos. Dramatizando, a criança se expressa com a linguagem verbal, gestual e facial, tornando a atividade mais complexa e desafiadora, além de iniciar a aprendizagem de normas sociais, pois é necessário esperar sua vez para interagir conforme a história vai acontecendo. Enfim, existem muitas possibilidades para estimular a oralidade do seu filho de uma forma divertida. É necessário porém, disposição, muita pesquisa, paciência e organização para o preparo das atividades.

A infância passa muito rápido e acompanhar o desenvolvimento de nossos filhos, é maravilhoso! Brincando, se divertindo e aprendendo, seu filho perceberá como é bom estar ao seu lado, e assim, vínculos familiares serão criados e fortalecidos em meio a um ambiente de afeto, deixando memórias positivas e preciosas entre vocês. 

Se precisarem de ajuda para elaborar atividades, me coloco a disposição para ajudar. Pretendo em breve começar uma serie de videos com o meu pequeno demonstrando algumas dessas atividades.




sexta-feira, 6 de outubro de 2017

O vinculo através da música

A presença da música na vida dos seres humanos é incontestável. Ela tem acompanhado a história da humanidade ao longo dos tempos exercendo as mais diferentes funções.
 Não é só o corpo do bebê que se forma na gravidez, suas emoções também estão em formação. Antes mesmo de nascer, o bebê pode entrar em contato com a música, que ajuda a acalmá-lo e a fortalecer o vínculo com a mãe. Ele é capaz de reagir de forma diferenciada, após o nascimento, a histórias e músicas que ouviu enquanto ainda estava no útero.
 É na área de estimulação precoce do bebê, ainda na barriga da mãe, que se tem conseguido os resultados mais interessantes da musicoterapia. As pesquisas mostram que as crianças que foram estimuladas com música durante a gestação cresceram mais criativas, comunicativas, atentas e mais perceptivas do que as que não passaram por esse processo.
 Quanto aos sentidos humanos, sabemos hoje que já estão bem desenvolvidos durante a gestação, especialmente a audição. O feto é capaz de ouvir os constantes estímulos sonoros produzidos pelo corpo da mãe, como os ruídos que produz quando se alimenta ou pelos seus batimentos cardíacos.
 Experiências feitas com microfones que funcionam em meio líquido indicam que sons externos são ouvidos de dentro do útero; É claro, distorcidos pelos tecidos do corpo materno. Mães que leram contos, cantarolaram músicas ou colocaram músicas durante a gestação, notam que as crianças mostram uma preferência por contos e músicas que ouviram repetidas vezes enquanto estavam sendo geradas, demonstrando que há traços de memória deste período.
 Não há dúvidas que a voz materna possui um significado muito importante para o bebê, e estudos feitos com recém-nascidos mostram que eles preferem a voz feminina, e quando são estimulados pela voz da mãe e de outra mulher, apresentam reação de procura pela voz materna.
 Muito cedo os bebês começam a vocalizar e a brincar com sua própria voz, uma fonte inesgotável de exploração e comunicação.
 À medida que os bebês crescem, os sons produzidos com a boca podem ocupar as crianças durante muito tempo. As lalações – ruídos vocais ainda sem relação com a língua falada – e os barulhos com os lábios e língua entretém e divertem os bebês.
 As expressões musicais, escrita, brincadeiras, movimentos e gestos, constituem, entre outras, as linguagens não verbais e verbais das crianças, através das quais elas podem se expressar e se comunicar com os outros. Por meio delas, as crianças expressam seu ser integral, colocando corpo, mente, sentimentos e espírito em evidência. Sobretudo as linguagens não verbais, as principais das crianças entre zero e três anos, constituem um importantíssimo canal e essencial possibilidade para elas expressarem e comunicarem, de forma espontânea, medos, angústias, desejos, emoções, temperamentos, crenças, atitudes, criatividade, valores etc. Nesse sentido, devem ser incentivadas e possibilitadas nos diferentes grupos, especialmente na primeira infância.
Instrumentos musicais ou de percussão, improvisados ou não, podem servir de grande estímulo e chamam muito a atenção dos bebês nesse período, em que tentarão imitar os sons e expressarão com seus corpos e seus gestos, envolvimento e interesse pela música. Com esse tipo de estímulo, as crianças adquirem ritmo, vocabulário, sensibilidade e coordenação, entre tantas outras habilidades. É também uma oportunidade de interação com os pais, educadores e com outras crianças.
 A brincadeira, a palavra, a música, o olho no olho e o toque devem estar presentes em todos os momentos de interação com os bebês, inclusive ao trocá-los, ao alimentá-los, ao lhes dar banho etc. Tem música pra tudo, e você ainda pode brincar de compor música e criar suas próprias canções com seu bebê. Importante termos consciência que objetos não substituem seres humanos, mesmo que colocarmos os bebês para assistir o sua música favorita na TV é importante compartilharmos deste momento brincando e cantando junto.
 Farão parte igualmente deste universo sonoro as canções e pequenas brincadeiras musicais que a mãe entoa para o bebê. Assim, os sons e a música constituem uma fonte importante de conexão cultural e desde muito cedo o bebê estará conhecendo e se apropriando de sonoridades características do lugar onde vive com sua família, sua comunidade, seu país.
 Futuramente o bebê será dono de um repertório musical, do qual farão parte sons familiares, músicas e canções entoadas pelas pessoas que conhece.
 Os bebês podem ser estimulados a perceber os sons do ambiente e a reagir a ruídos e músicas. Podem reconhecer suas músicas preferidas, acompanhando-as por meio de movimento corporal.
 Eles sentem-se incluídos e em segurança quando são compreendidos em seus sentimentos de aflição, alegria ou dor, expressos por gritos ou choros. Cantar músicas enriquece a experiência do bebê. A proximidade com o pai ou mãe, nestes momentos, ajuda-os a associar vivência de aprendizado com prazer e aconchego afetivo.
 A voz da mãe e a música das palavras transmite os significados emocionais que o bebê vive e são especialistas em captá-los.
Convém, no entanto prestar atenção ao eventual excesso de estímulos sonoros demasiadamente intensos no ambiente. Também é necessário educar para respeitar e tolerar o silêncio afim de que nem a música, nem as palavras se transformem em ruídos sem sentido.
 Dicas de Canções Eruditas para serem ouvidas pelo bebê e mamãe durante a gestação: